O grande número de igrejas e doutrinas diferentes que
caracterizam nosso tempo tem trazido as mais diversas dúvidas aos membros das
igrejas históricas. Um desses dilemas é o “dom de línguas”. É muito divulgada,
no meio evangélico, a idéia de que o crente espiritual deve falar em línguas
para que cresça em comunhão com Deus, ou como resultado natural de um profundo
conhecimento e experiência com ele.
O resultado é que crentes sinceros passam a se preocupar com
sua saúde espiritual e com a comunhão da sua denominação com Deus ao verem
outras denominações repletas de prodígios, revelações e línguas. As próprias
denominações históricas ficam, na mente de muitos, relegadas a um plano de
superficialidade espiritual, rotuladas de “igrejas frias”.
Nossa intenção é averiguar o que e Bíblia realmente ensina
sobre o dom de línguas e comparar com as práticas e ensinos modernos a fim de
nos posicionarmos diante desse dilema e seguirmos o ensino de Deus por
intermédio dos apóstolos e profetas.
O que é o dom de línguas?
A Bíblia expõe o dom de línguas como uma capacitação
sobrenatural que permitia que algumas pessoas falassem das grandezas de Deus em
outro idioma sem que nunca o tivessem aprendido. O dom de línguas descrito na Bíblia
não era fruto de exercícios ou de aprendizado, mas um “dom”, algo dado por
Deus. Outra característica marcante desse dom é que ele não estava ao alcance
de todos. Todo cristão recebia, e ainda recebe, algum dom do Espírito Santo.
Porém, o dom não era escolhido pelas pessoas, mas dado pela vontade de Deus
para a edificação do corpo de Cristo (1Co 12.28-30; 1Pe 4.10,11).
Além de cada crente possuir um dom distinto, em todas as
relações de dons espirituais da Bíblia, o dom de línguas sempre aparece nos
últimos lugares, a não ser em 1Coríntios 13, onde Paulo discorre sobre a
inutilidade dos dons sem a presença do amor. O fato é que o dom de línguas
ocupava uma posição secundária no plano de edificar a igreja. Tinha como
principal objetivo ser um sinal aos incrédulos e não aos crentes. Apontava para
o juízo de Deus que recairia sobre Israel por ter rejeitado o Senhor Jesus (1Co
14:21-22 cf. Dt 28:45-46,49).
As línguas pronunciadas por aqueles que possuíam o referido
dom eram de natureza terrena. No Novo testamento, duas palavras são usadas para
se referir a línguas: Glossa e Dialéktos. A primeira significa “idiomas”, ou
língua (órgão anatômico). A segunda significa “idioma” ou “dialeto”. Esses
sentidos apontam para línguas terrenas, idiomas utilizados ao redor do mundo.
Apesar da clareza dos termos, parte da confusão sobre o dom
de línguas no Brasil se deve à tradução da versão “Almeida Revista e
Corrigida”. Ela traduz a palavra glóssais (línguas) em 1Co 14.5,6,23, com a
expressão “línguas estranhas”. Isso deu margem ao entendimento equivocado de
que as línguas fossem estranhas à raça humana, justificando a produção de sons
e sílabas sem qualquer sentido ou a crença de se tratar de um idioma exclusivo
dos anjos. Essa certamente não era a intenção dos tradutores da versão Almeida,
pois resolveram este mal-entendido na versão “Almeida Revista e Atualizada”,
com a expressão “outras línguas”.
A afirmação de que as línguas faladas pelos discípulos eram
“línguas de anjos” não é verdadeira. Paulo combate os desvios e maus usos do
dom de línguas em 1Coríntios 14 normatizando sua utilização, cortando os
excessos cometidos na igreja e proibindo algumas pessoas de exercê-lo no culto
público. A preparação para esse tratamento começa no capítulo anterior: “Ainda
que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o
bronze que soa ou como o címbalo que retine” (1 Co 13.1). Paulo comparou as
pessoas que falavam em outras línguas, mas que não amavam seus irmãos, a sinos
ou gongos metálicos cuja única função era fazer barulho quando golpeados. Eram
homens e mulheres que não desenvolviam sua habilidade sobrenatural para o bem
dos outros, nem para o crescimento do corpo de Cristo, mas para exibição
pessoal e para serem admirados e invejados.
O apóstolo estava tão preocupado com a situação que, ao
mostrar a necessidade do amor, utilizou uma figura de linguagem chamada
hipérbole. A hipérbole consiste no exagero de uma expressão a fim de realçar
uma idéia ou demonstrar a forte intensidade de um sentimento. Os três primeiros
versículos do capítulo 13 são expostos sob esse prisma. No v. 1 Paulo diz que
falar “muitas” línguas sem amor é algo inútil e sem propósito. Ele estende o
raciocínio e afirma que o mesmo se daria se alguém falasse até mesmo a
linguagem dos anjos. Devemos notar que não há relatos na Bíblia de uma língua
específica de anjos, pois em todas as vezes que os anjos falaram com os homens,
o fizeram em idiomas humanos. Paulo falou sobre “língua dos anjos” em 1Co 13.1
para ressaltar, por meio de uma hipérbole, que não importava o quanto os irmãos
de Corinto se impressionavam com esse dom – o amor era maior e necessário.
Portanto, quando a Bíblia fala sobre o dom de línguas ela se
refere a uma “capacitação exterior ao homem que o habilita a falar da glória de
Deus em outro idioma humano não conhecido para aquele que fala.”
O dom de línguas é sinal de espiritualidade?
Dois livros bíblicos que tratam sobre o dom de línguas são Atos
e 1Coríntios. Atos não é um livro fundamentalmente normativo ou doutrinário. É
uma obra histórica que narra corretamente os primeiros anos da Igreja cristã.
Por sua vez, 1Coríntios é um livro doutrinário que traça normas claras de
conduta visando ao desenvolvimento da igreja. Apesar da diferença de enfoque,
ambos os livros apontam para a mesma realidade a respeito das línguas.
É possível notar no livro de Atos que o dom de línguas não
era sinal de maturidade espiritual. Apesar de sua primeira aparição ter-se dado
em 120 “discípulos de Cristo” (At 2), em outras ocasiões se deu em recém-convertidos
(At 10.44-46; 19.6,7). Em resumo, o livro de Atos olha para o dom de línguas de
uma maneira positiva. Ele é a demonstração da vinda do Espírito Santo sobre a
Igreja como Jesus prometeu (At 1.8 cf. Jo 14.16; 15.26; 16.7) e da habitação do
Espírito Santo em cada crente a partir da sua conversão (At 2.38 cf. Ef 1.13,14).
Em 1Coríntios, o apóstolo Paulo trata do dom utilizado por
crentes que, tendo condições de serem espirituais, comportavam-se ainda como
carnais e mundanos (1Co 3.1,2). A igreja de Corinto, apesar de ser rica em
dons, não era uma igreja espiritual.
Mais uma característica do ensino de 1Coríntios é que em
parte alguma Paulo ensina que “todos” os crentes deviam falar em línguas. Em
lugar disso ele afirma que cada crente recebe um dom dado segundo a vontade de
Deus (1Co 12.11) para a edificação da igreja. O fato de Paulo associar a falta
de amor ao dom de línguas dentro da igreja de Corinto (1Co 13.1; 14.1)
demonstra que alguns tinham dons desejados pela maioria – como falar em línguas
– e outros não, sendo esse o motivo da soberba dos que falavam e dos ciúmes dos
que não falavam (1Co 13.4 – “... o amor arde em ciúmes, não se ufana, não se
ensoberbece.”). Além disso, Paulo afirma expressamente que nem todos possuíam o
dom de línguas (1Co 12.28-30).
Devido à inutilidade do dom de línguas sem que houvesse
interpretação (1Co 14.9,16-19) e dos danos que podia causar ao Evangelho entre
os visitantes (1Co 14.23-25), Paulo também deu normas e proibições para o uso
do dom de línguas no culto público. Assim, não poderiam falar no culto todas as
pessoas que tinham o dom de línguas, mas apenas duas ou, “no máximo”, três, no
momento adequado e não ao mesmo tempo. Se ao falar não houvesse ninguém na
igreja que pudesse entender o idioma e traduzir para o restante da igreja, quem
estava falando deveria se calar. Paulo diz que se não houvesse interpretação
ninguém seria edificado (1Co 14.27,28).
Quando o dom de línguas era exercido segundo essas regras,
ele não podia ser proibido (1Co 14.39,40). Paulo também afirma que a
espiritualidade dos crentes que falavam em outras línguas poderia ser avaliada
não pelo fato de falarem, mas pelo fato de se submeterem a tais orientações (1Co
14.37,38).
Há diferenças entre as línguas de hoje em relação às dos do
‘Novo Testamento’?
Atualmente, o que se conhece por dom de línguas guarda
diferenças marcantes entre o dom descrito e normatizado nas páginas no Novo
Testamento. Quando olhamos para o fenômeno das línguas na igreja moderna,
percebemos que ele difere diametralmente do dom na igreja primitiva. Algumas
características das línguas da atualidade são:
Elas são consideradas sinal de espiritualidade e
demonstração de que o Espírito Santo age de uma maneira mais profunda naqueles
que as falam.
Todos os crentes são encorajados a falar em línguas para
progredirem espiritualmente.
Há momentos no culto público em que todos, ou grande parte
das pessoas, falam em línguas simultaneamente.
Não se trata de idiomas, mas de sílabas unidas ao acaso e
sem significado ou repetições de palavras e fonemas.
São ensinados métodos para que pessoas que não falam em
línguas possam aprender a falar por meio de relaxamento ou de treino.
As línguas não são traduzidas a fim de haver edificação da
igreja e evangelização dos visitantes incrédulos.
Há grande resistência quanto à aceitação e aplicação das
normas que Paulo deu para o uso do dom de línguas.
De onde vieram os conceitos atuais sobre o dom de línguas?
Uma análise histórica entre os séculos I2 e 19 mostra que os
teólogos de maior expressão, tanto da antiguidade como da reforma protestante,
não exerciam nem ensinaram a prática do dom de línguas. Durante todo esse
tempo, a maioria dos casos em que esporadicamente se ouve falar sobre o dom de
línguas é entre grupos como montanistas, jansenistas (católicos pietistas),
quacres, shakers e mórmons.
Entretanto, o início marcante do dom de línguas da
atualidade veio por intermédio do movimento conhecido como “Avivamento da Rua
Azusa”, fundado em 1906 por William J. Seymour. Ele se inspirou em Charles Fox
Parham, pioneiro da idéia de que o sinal específico do batismo do Espírito
Santo é “falar em línguas”.
A análise bíblica e histórica do dom de línguas e a presença
de inúmeras contradições e diferenças entre o uso atual das línguas e o uso na
igreja primitiva levam-nos à conclusão de que o dom de línguas atual não é, de
modo algum, a mesma experiência que a igreja apresentou no primeiro século. As
normas paulinas são o divisor de águas entre as línguas do passado e as de
hoje.
Qual foi o propósito do dom no ‘Novo Testamento’?
A constatação da descontinuidade do dom de línguas descrito
no Novo Testamento em relação à experiência atual levanta algumas perguntas.
Uma delas é: “Se o dom de línguas da igreja primitiva não servia aos propósitos
difundidos na atualidade, qual era sua real função?”.
Em 1Coríntios 14, Paulo não apenas proibiu o uso indevido do
dom de línguas e o graduou como secundário na edificação da igreja. Paulo
também revelou o propósito “principal” das línguas: servir como um “sinal” de Deus
para os incrédulos (1Co 14.22).
Deuteronômio 28 contém dois tipos de promessa de Deus aos
judeus. O primeiro é a promessa de bênçãos pela obediência dos judeus ao Senhor
(Dt 28.1-14). O segundo é a promessa de castigo pela desobediência (Dt 28.15-68).
Em meio à lista de castigos prometidos ao povo judeu caso “não dessem ouvidos à
voz do Senhor”, um deles fica em destaque: “O SENHOR levantará contra ti uma
nação de longe, da extremidade da terra virá, como o vôo impetuoso da águia, nação
cuja língua não entenderás; nação feroz de rosto, que não respeitará ao velho,
nem se apiedará do moço. Ela comerá o fruto dos teus animais e o fruto da tua
terra, até que sejas destruído; e não te deixará cereal, mosto, nem azeite, nem
as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas, até que te haja consumido.
Sitiar-te-á em todas as tuas cidades, até que venham a cair, em toda a tua
terra, os altos e fortes muros em que confiavas; e te sitiará em todas as tuas
cidades, em toda a terra que o SENHOR, teu Deus, te deu. Comerás o fruto do teu
ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o SENHOR, teu Deus,
na angústia e no aperto com que os teus inimigos te apertarão” (Dt 28.49-53).
Essa é a promessa de um grande castigo de Deus pela
desobediência de Israel usando como instrumento de castigo uma nação poderosa.
Essa nação seria estrangeira, pois falaria uma língua não seria entendida pelos
israelitas. Esse povo, por fim, traria grande destruição e mortandade a Israel.
Pouco antes de decretar tal punição, o Senhor revelou que esses eventos seriam
um “sinal” para os israelitas de que eles estavam sob a mão punitiva de Deus (Dt
28.46,47). Essa promessa se cumpriu algumas vezes de maneira clara e
arrebatadora. Três datas notáveis desse cumprimento foram 722 a.C., 587 a.C. e
70 A.D.
Em 722 a.C., quando Israel estava divido em dois reinos – o
reino do norte (Israel) com suas dez tribos, e o reino do sul (Judá) formado
pelas tribos de Judá e Benjamim – o reino do norte foi devastado pelos assírios
e o povo foi levado cativo para a Assíria, onde foi miscigenado com outros
povos (2Re 17.5,6,22,23). Em 587 a.C., o mesmo aconteceu ao reino do sul
(Judá). Jerusalém, capital de Judá, foi destruída junto com o Templo que
Salomão havia construído para o culto a Deus. Os habitantes foram exilados na
Babilônia até o ano 539 a.C. (2Re 25.8,9).
Prevendo esse tipo de punição, o Senhor enviou profetas para
alertar o povo dos seus pecados, conclamá-los ao arrependimento e anunciar o
juízo caso não mudassem seu modo de agir. Entre esses alertas dois deles chamam
a atenção para si:
a) Isaías pregou arrependimento ao povo garantindo que Deus
os perdoaria e purificaria. Contudo, alertou que a obstinação deles os tornaria
alvo de “espada” (Is 1.16-20). Infelizmente, o povo não deu ouvidos à voz do
Senhor. Isaías, então, profetizou a punição de Deus e disse que nem mesmo o
castigo e o sinal de uma “língua estranha” seriam capazes de produzir
arrependimento na nação de Israel (Is 28.11,12 cf. v.1).
b) Deus falou à nação de Judá, por meio de Jeremias,
convidando-a ao arrependimento e à purificação (Jr 3.14,15). A exemplo de
Israel, Judá também não deu ouvidos à voz do Senhor. Portanto, Deus usou a
Babilônia, sob o comando de Nabucodonosor, para castigar Judá. Nesse caso, o
“sinal” do juízo de Deus também foi dado por meio de um povo destruidor, cuja
língua eles não entendiam (Jr 5.12-17).
Nos dias no Novo Testamento também houve uma grande
destruição em Jerusalém (70 A.D.) e em todo o país. Os acontecimentos da guerra
entre os judeus e os romanos (66–70 A.D.) não foram narrados nas Escrituras,
mas a História não os deixou passar em branco. O historiador Flávio Josefo
conta que Vespasiano derrotou e devastou toda a Galiléia, Peréia e Iduméia e
partiu em direção a Jerusalém. Nessa época, a cidade estava tomada e dividida
por três partidos de judeus que se destruíam mutuamente. Crimes, roubos e
assassinatos aconteciam à luz do dia. Qualquer um que tentasse fugir de
Jerusalém era morto. Essa guerra civil custou o próprio mantimento de trigo que
serviria para sustentar anos de cerco. A fome e o roubo de mantimentos pelos
rebeldes em Jerusalém chegaram a níveis insuportáveis.
Quando Vespasiano foi feito imperador, seu filho Tito
assumiu o comando do exército romano e sitiou Jerusalém. Em quinze dias tomou o
primeiro muro e em mais nove, o segundo. Restando apenas a terceira muralha e o
muro do Templo, Tito ofereceu, em vão, a paz aos judeus. Como não houve
rendição, depois de quatro meses de cerco o Templo foi invadido e, mesmo contra
as ordens de Tito, foi queimado e destruído. Quinze dias depois Jerusalém
estava completamente destruída e quem passasse por ali teria dificuldades em
acreditar que ali fora um centro populoso. Os números da guerra, não levando em
conta o quase meio milhão de judeus mortos em todo o território palestino e
egípcio, foram: 97 mil prisioneiros e 1,1 milhão mortos em Jerusalém por
crimes, fome, peste e guerra.
O motivo de tamanha destruição foi o mesmo de 722 a.C. e 587
a.C: desobediência às ordens de Deus. Quatro décadas antes Jesus pregou entre
os judeus e se apresentou como Deus e Salvador. Ele transmitiu à nação as
palavras e promessas de Deus a respeito da redenção mediante o arrependimento e
a fé no Filho (Jo 10.24-26,30; 14.6). O livro de Hebreus diz que Jesus falou
aos homens do seu tempo assim como Deus falou com os antigos por meio dos
profetas (Hb 1.1,2).
Infelizmente, a reação dos judeus a tais palavras não foi fé
e obediência, mas rejeição e morte a Jesus (Jo 19.15,16). Novamente o povo
deixou de obedecer e “não deu ouvidos à voz do Senhor”. Desse modo, Judá seria
punida mais uma vez. O vislumbre do castigo que traria destruição a Jerusalém e
ao Templo fez com que Jesus anunciasse e lamentasse a terrível tragédia (Mt
24.1,2; Lc 19.41-44; 21.20-24).
Como das outras vezes, Deus levantou uma nação poderosa para
trazer castigo pela incredulidade e desobediência dos judeus. A diferença é
que, dessa vez, o instrumento usado por Deus (o povo romano) dominava sobre os
israelitas havia mais de cem anos. Como Deus prometeu que os castigos descritos
em Deuteronômio 28 seriam “um sinal aos judeus para sempre” (Dt 28.46,47), ele
possivelmente decidiu sinalizar o castigo por meio da Igreja. Para esse fim a
Igreja passou a sinalizar tal juízo por intermédio de línguas estrangeiras que
não eram entendidas pelo povo judeu. Por esse motivo Paulo diz que as línguas
não eram para crentes, mas para incrédulos (1Co 14.21,22). O povo que rejeitou
e matou o Deus Filho estava sendo alertado sobre a dura punição que recairia
sobre eles e sendo convidado ao arrependimento.
A primeira vez que o dom de línguas ocorreu na História foi
cinquenta dias após a morte de Jesus. Os 120 discípulos de Cristo que receberam
o Espírito Santo começaram a falar em outros idiomas na presença de grande
multidão de judeus incrédulos de todas as partes do mundo. Ao ficarem
espantados por verem galileus iletrados falando correta e claramente em idiomas
de terras distantes, esses judeus incrédulos foram repreendidos por Pedro a
respeito do que fizeram com Jesus (At 2.22-24). Em vista disso, muitos deles se
arrependeram e buscaram um meio de fugir da condenação por tão grande crime.
Para eles Pedro ordenou que se arrependessem e se convertessem do caminho dos
perversos (At 2.37-40). Diante da pregação e do anúncio da culpa 3 mil judeus
foram convertidos somente nesse dia (At 2.41).
Desse modo, encontramos o propósito da concessão do dom de
línguas à Igreja. Ele foi o sinal que Deus enviou aos incrédulos que apontava
para o juízo que recairia sobre eles. E o fato de uma pequena porcentagem ter
crido em tais promessas demonstra que o propósito do dom de línguas não era
primariamente evangelizar os incrédulos, mas trazer sobre eles o juízo de Deus.
O dom de línguas ainda existe hoje?
O juízo que o dom de línguas sinalizava aconteceu no ano 70
A.D. Estando Jerusalém destruída por sua rejeição a Jesus e às palavras de
Deus, o dom “atingiu seu propósito”. Não havia, a partir de então, o que ser
sinalizado diante dos judeus e, assim, o sinal “deixou de ser necessário”. Por
isso, o dom de línguas cessou após a destruição de Jerusalém no ano 70 A.D.
Na verdade, esse não é o único exemplo na Bíblia que mostra
que Deus usa um sinal somente até que o fato sinalizado aconteça. Encontramos
um bom exemplo em Colossenses 2.16,17. Paulo ensina aos colossenses que eles
não deviam seguir os aspectos cerimoniais da Lei judaica por serem “sombras das
coisas que haveriam de vir”. Em outras palavras, eram sinais e símbolos de
aspectos da obra redentora de Cristo que seriam cumpridos com sua vinda. Depois
que Cristo consumou sua obra, esses sinais perderam a utilidade. Por isso não
fazemos mais sacrifícios, nem guardamos o sábado, nem nos abstemos de alimentos
que eram considerados impuros. De forma semelhante, o dom de línguas deixou de
existir assim que Jerusalém foi destruída.
Conclusão
Portanto, o dom de línguas não mais existe desde a
destruição de Jerusalém pelos romanos na segunda metade do século 1, em meio à
incrível mortandade de israelitas.
Se as línguas de hoje são tão confusas e diferentes do que a
Bíblia relata e ensina, é por serem uma tentativa de fazer artificialmente o
que o Espírito Santo fez no passado com um propósito definido que não existe
mais. É por isso que, em vez de buscar falar em línguas, os cristãos de hoje
devem “dar ouvidos à voz do Senhor” e priorizar o serviço e o amor a Deus e aos
homens com um coração fiel, submisso e transformado.
Pr. Thomas Tronco
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Palavras xulas,linguagem imprópia,
ofenças,escárnios,"zoação",zombaria,
chacotas...
NÃO SERÃO TOLERADOS!
Educação,bom senso e respeito?
Entrem ,sejam bem vindos(as)